O 1.º Cabo Clarim João Pinto funcionário do depósito de géneros do Lunho acompanhado pelo seu Comandante de Companhia Capitão Mil.º Salavisa que renderam a C.Caç.41 41 os Gaviões no dia 20 de Março de 1974:
Aquele inesquecível, dia 19 do mês de Março de 1974: todos nós madrugamos, se calhar não dormimos, convenientemente e, mal despontou o sol, que no Lunho nascia bem cedo, fomos saindo da caserna com a certeza mais que certa, de que a fuga daquele purgatório estava por dias. Nunca por então tantas sentinelas, mirando a picada. todos olhávamos para o horizonte, com impaciência, perscrutando a celeste direção, que sabíamos ser aquela de onde surgiria uma coluna de viaturas, carregando aqueles, que tomariam de então os nossos lugares naquela terra esquecidas do fim do mundo. Foi uma longa espera, que a impaciência se encarregou, de prolongar ainda mais. Ansiedade foi crescendo à medida que o tempo passava e a coluna tardava. Para o grande momento, até que soou o primeiro alarme. O ponto negro, já visível no horizonte, foi agradecendo à medida, até se tornar bem nítida a silhueta familiar da coluna que chegou no meio de uma nuvem de pó, evoluindo até se imobilizar, no aquartelamento do Lunho. Um burburinho expectante, fazia descer aqueles checas acabados de chegar, das viaturas, uma gritaria esfusiante, tomou ao mesmo tempo que cada um se esforçava, por parecer, o mais alucinado possível num misto de loucura e contentamento. alguns com ar mais infeliz do mundo, olhando em volta sem saber para onde se dirigir, iam sendo guiados quase empurrados, bombardeados por explicações atabalhoadas vindas de todo o lado. toda a gente ia contando, indicando, descrevendo, pintando, o que era as matas do Lunho onde ficava a Miandica, e as tarefas mais difíceis que iam ter de enfrentar.
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