Esta guarnição Militar, ficou sediada num aquartelamento mais isolado, a Noroeste do Niassa; O seu ambiente era só mato, e os montes que vigiavam de perto e de longe, montes mais pequenos como Lijombos, e grandes como o Chissindo. Para os que estavam do lado de cá! O Lunho ficava lá para o fim do mundo, mas para mim que estava lá! Aqueles 17 quilómetros que me separava, do aquartelamento e da povoação mais próxima, Nova Coimbra eram intermináveis. Era necessário todo o carregamento de frescos, que chegava num pequeno avião, e tinha de dar para toda a semana, 200 quilos de carne, fruta, o correio, e pouco mais. Cada quilómetro teve uma história, era uma emboscada, uma mina que era detetada, e era levantada, era uma viatura que atascava, e obrigava horas e horas, de trabalho angustiante, eram patrulhamentos. Havia sangue, suor, e esforço dos que iam para as operações, dos que iam fazer a proteção a uma coluna, dos que iam compor o itinerário, dos que iam carregar às costas, os reabastecimentos que não chegava lá de avião, porque a pista de aviação durante as chuvas, se alagava, e o nome do Lunho metia muito respeito. Impressionava os que não estavam lá, porque os que estavam! estavam acostumados e jogavam a apreensão de cada dia com a naturalidade de que todos os dias, saiam de casa para o emprego. Era o aquartelamento, e todo o seu horizonte era a vegetação rasteira, e plana, na maior parte da vista ao seu redor, e para o outro lado, umas grandes montanhas, a subida para a Miandica. Claro que não havia lá mais nada, não havia viva alma à sua volta! As casernas de material pré-fabricadas, em chapas de zinco, disseminadas mais ou menos irregular desordenadamente. Para quem não soube, o Lunho ficava lá para o fim do mundo! aquelas picadas cheiravam a trotil, a destruição, e a morte. Nós soldados isolados, perdidos no meio do mato e capim passou a ser o centro daquele aquartelamento onde só reinava o terror e o medo .
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