terça-feira, fevereiro 22, 2022

 MADRINHAS DE GUERRA:

As madrinhas de «guerra» eram moças solteiras sendo muitas vezes os respetivos endereços, trocados por nós militares. Muitas vezes as pessoas, escreviam sem se conhecer pessoalmente mas alguns desses casos, resultaram em casamento. Ao fim de algumas cartas e aerogramas trocados, as madrinhas" enviavam  fotos de corpo inteiro, para mostrarem o que valiam, vestiam a sua melhor roupa faziam a sua melhor pose  para se mostrarem. Os "aerogramas" disponibilizados pelo Movimento Nacional Feminino, não precisava de selo  era transportado gratuitamente, pelos aviões da TAP. O saco do correio, era transportado para o Niassa, e depois para o Lunho, duas vezes por semana, num pequeno avião que os velhinhos batizaram com o nome de "Pêga" Sempre no momento da distribuição do correio, aguardado  com particularidade por todos nós, guerreiros!. Eu tinha umas cinco ou seis "madrinhas" recebia uns vinte aerogramas por mês, com algumas cartas à mistura. De que eu falava? falava de tudo era uma espécie de eu despejar o caixote. Falava de ser um herói, falava de solidão, falava de medo, e falava de malandrices.

Crónica de Bernardino Peixoto Soldado Corneteiro 017516/72:    

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