Nesta cozinha também comi arroz com caganitas de rato e uma salsicha, comi carne de vaca ou de burro que alguém tinha rejeitado. O vinho da velha cepa não chegava a estas paragens, chegava sim uns barris cheios de água do Lago do Niassa, com um pouco de tinta vermelha, e outros cheios de vinagre. Mesmo assim o vinagre e a água colorida, era racionalmente servido por um elemento da secção da cozinha com uma lata de cerveja cortada pelo meio. A sopa era confecionada com água, Feijão preto, arroz, e couves da machamba, que era boa para alimentar «porcos». O zé soldado diariamente, fazia uma visita à enfermaria para lhes ser administrada um concentrado de comprimidos, e injeções cavalares de vitamina, nas veias. Os protagonistas era um problema, sem por evidencia que estavam envolvidos, num drama de todos nós seres humanos. estavam focados na guerra, e nos mantimentos que pertenciam a todos nós soldados, que tínhamos direito, muitas vezes eram desviados, pelos funcionários da cozinha, A rede funcionava durante vinte e quatro horas, incluindo a hora das refeições, passei momentos de muita expectativa, entre o viver, e o parecer. Neste aglomerado de latas e canas de bambu, sofri a mágoa, e a ausência dos meus familiares. A contextualização politica do nosso 1.º sargento Bizarro e o 2.º Sargento Cruz, este sempre aparecia diariamente, a passar a ronda à cozinha, isto era uma guerra feita de pessoas, comuns com todos os condicionalismos como, eramos apenas uma simples companhia Independente. A alimentação deveria ser igual para todos os elementos deste grupo bélico, contudo eramos de carne e osso e as divisas ou galões, pouco nos deveria dizer. Esta cozinha tinha dependurado num dos barrotes, um ferro que fazia de sineta para chamar todos nós que era hora das refeições. Os componentes que faziam parte desta cozinha esses também eram os melhores do Lunho, faltava-lhes apenas o casaco branco, e as boas maneiras de todo o empregado que se batia à gorja. No Lunho o pessoal sujeito à alimentação que se verificava, o 1.º cabo cozinheiro desviava da cozinha, a melhor carne, e o vinho da velha cepa, que era destinada para todos nós, o empregado do depósito de géneros, também entrava nessas andanças. Um dia 1.º cabo cozinheiro responsável pela cozinha, ficou surpreendido e incomodado pela minha presença, quando os fui encontrar, dentro da sua caserna. Eu vi com os meus olhos, um banquete com alimentos desviados da cozinha. Convidava os amigos mais próximos, e aqueles com quem simpatizava, isso era uma concordância. O nosso comandante, oficiais e sargentos nada fazia, para acabar com os petiscos roubados, ao zé soldado que ali habitavam naquele buraco do Lunho. Eu era de carne e osso e vivia como eles, naquele isolamento.
Para completar e dado que o jantar para quem era praça, era servido bastante cedo, porque faltavam condições para ser servido com luz artificial, necessitando de aproveitar a luz solar. O meio era tão pequeno que nada se fez sem pensar na mínima coisa, embora insignificante sem que todos os componentes deste grupo belicoso o soubesse!!!!!! Existiram contudo coisas que em qualquer outra parte eram impossíveis. A comida nesta cozinha não interessava a ninguém, é claro que na guerra era obrigado pela necessidade de comer de tudo, No mato bebia água dos charcos com um comprimido à mistura.
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