NOITE DE CONSOADA DO ANO DE 1972.
Estávamos a menos de um mês do Natal; Nós ainda muito jovens, cercados pelo perigo que nos sufocava, cercados de arame farpado dormindo em cubículos, construídos em chapas de zinco. Não havia uma árvore de Natal, nem presépio, e nem interessava ali no Lunho era um local, muito perigoso de comemorar, não saia da cabeça de ninguém, o trágico e amargo de que o inimigo não aparece-se, por ali com raiva contida, que podia fazer estragos mesmo entre os nossos. pela primeira vez eu passei o Natal longe dos meus familiares. Nem tudo foi mau os cozinheiros serviram o jantar na caserna do primeiro grupo de combate. Naquela noite de consoada, havia guardas de rigorosa prevenção em todos os postos de sentinela, o pessoal da secção da cozinha nos serviram o jantar de consoada, com batatas, e o bacalhau. o cabo cozinheiro, nos serviu um pouco de vinho no copo do cantil, azedo e sabia a vinagre ermos soldados que combatíamos pela Pátria sujeitos a situações. Naquela noite de consoada nem um copo de vinho do Porto, os laços dos sargentos e oficiais que tinham possibilidades, não deixem o presente e o passado, a sua identidade. Nós ainda eramos checas perdido no meio do mato e capim não sabíamos o que era a guerra.
A noite de consoada do ano de 1973 chegou com ela a possibilidade, de degustar iguarias várias a que os estômagos, já não estavam habituados por aquelas bandas; O bacalhau e as batatas, para todos nós soldados; O bolo rei, whisky, e espumante à descrição, só para oficiais e sargentos. Confesso que até entanto nunca tinha visto ou imaginado, da primeira noite de Consoada, do ano anterior, comemos e bebemos, para enganar a miséria do nosso dia a dia, no dia seguinte voltamos ao arroz com salsichas. A luta permanente fazia parte da nossa existência, aprendi que no Lunho tinha que distinguir, a existência de "checa" para algo que fazia parte da minha existência de "Velhice". Depois daquele jantar de reconciliação, estendi-me ao comprido, só acordei no dia seguinte, o sol ia já bem alto dormi que nem um justo, que é como quem diz com força o corpo, assim o exigiu e nem sequer esbocei o mínimo gesto de o contrariar.
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