sábado, outubro 31, 2020
NOITE DE CONSOADA DO ANO DE 1972.
O mês de novembro de 1972 dia 19 ia já avançando, quando aportamos àquelas paragens dali até ao Natal seria um saltinho. Naquele fim do mundo, a quadra festiva aproximava-se ao rítimo indolente da calmaria, andamento já de si retardado pela contagem decrescente dos dias, alimentando o desejo. sofrido de ver chegado o dia do regresso, dando maior dimensão ao longo caminho que ainda tinha de percorrer não havia ruas iluminadas, nem lojas nem pais natais apenas um dia a seguir ao outro, num território inóspito e desconhecido. Por estas alturas o exército costumava abrir os cordões à bolsa, e recomendava rancho melhorado. Contudo não se esperava bacalhau para a consoada menos rabanadas, bolo rei, que por tradição nos empanturramos na quadra natalícia. A frugalidade da comezaina era limitada, pela pouca variedade e escassa do deposito de géneros, valendo a ceia pela companhia devidamente animada, com o vinho de péssima qualidade, único que se dispunha, o vinho de péssima qualidade e que era fornecido em bidões de 200 litros. Nós ainda muito jovens, cercados pelo perigo que nos sufocava, cercados de arame farpado dormindo em cubículos, construídos em chapas de zinco. Não havia uma árvore de Natal, nem presépio, e nem interessava ali no Lunho era um local, muito perigoso de comemorar, não saia da cabeça de ninguém, o trágico e amargo de que o inimigo não aparece-se, por ali com raiva contida, que podia fazer estragos mesmo entre os nossos. pela primeira vez eu passei o Natal longe dos meus familiares. Nem tudo foi mau os cozinheiros serviram o jantar na caserna do primeiro grupo de combate. Naquela noite de consoada, havia guardas de rigorosa prevenção em todos os postos de sentinela, o pessoal da secção da cozinha nos serviram o jantar de consoada, com batatas, e a mirrada posta de bacalhau excecionalmente introduzida na ementa, pobre e rotineira. O cabo cozinheiro, nos serviu um pouco de vinho no copo do cantil, azedo e sabia a vinagre eramos soldados que combatíamos pela Pátria sujeitos a situações. Naquela noite de consoada nem um copo de vinho do Porto, nos ofereceram . Nós ainda eramos checas perdidos no meio do mato e capim não sabíamos o que era a guerra.
A noite de consoada do ano de 1973 chegou com ela a possibilidade, de degustar iguarias várias a que os estômagos, já não estavam habituados por aquelas bandas; O bacalhau e as batatas, para todos nós soldados; O bolo rei, whisky, e espumante à descrição, só para oficiais e sargentos. Confesso que até entanto nunca tinha visto ou imaginado, da primeira noite de Consoada, do ano anterior, comemos e bebemos, para enganar a miséria do nosso dia a dia, no dia seguinte voltamos ao arroz com salsichas. A luta permanente fazia parte da nossa existência, aprendi que no Lunho tinha que distinguir, a existência de "checa" para algo que fazia parte da minha existência de "Velhice". Depois daquele jantar de reconciliação, estendi-me ao comprido, só acordei no dia seguinte, o sol ia já bem alto dormi que nem um justo, que é como quem diz com força o corpo, assim o exigiu e nem sequer esbocei o mínimo gesto de o contrariar.terça-feira, outubro 27, 2020
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