No dia seguinte ao romper do dia, entra a correr na caserna, um instrutor aos berros, para nós recrutas nos levantar, e formar em frente à caserna. Todos os dias ao amanhecer, depois de ter tomado o pequeno almoço, tinha de ir para a parada, onde era feita a formatura, para dar inicio à instrução matinal que se prolongava, até muito perto do almoço. Quando os instrutores nos ordenavam para destroçar, voltava um pouco para a caserna até chegar a hora do rancho geral. Depois de um pequeno descanso, ouvi o toque da corneta, alertando todos os recrutas, para se dirigirem até à parada a fim de ser feita a formatura para o rancho geral. O oficial responsável pela formatura, nos ordenou que estive-se-mos em silêncio, na tropa manda quem pode, e obedece quem deve. Fomos a marchar até ao refeitório, dentro do mesmo encontrei mesas enormes, em cima se encontravam, terrinas em alumínio, umas cheias de sopa, outras com arroz, peixe, e canecas grandes cheias de água da torneira. Comi sem refilar mesmo que o rancho não estivesse em condições . Depois do almoço como estava muito frio, me dirigi à minha caserna, para descansar um pouco até ao toque da corneta, para formar para dar inicio à instrução da tarde. Deitei-me um pouco na minha cama, tentei cochilar um pouco, mas não foi possível a algazarra, dos maçaricos, que comigo assentaram praça, contavam as suas peripécias. A corneta volta a tocar lá fui novamente para a formatura, ia haver a instrução, da tarde afim, de aprender os postos dos sargentos, e oficiais. A sexta feira se aproximava, eu queria voltar a ver a minha namorada, que muitas saudades eu já tinha. Em poucos dias a sexta feira acabava de chegar, depois de terminar a instrução, fui tomar um duche, engraxar as minhas botas, vestir o meu uniforme de saída. Fui à secretaria levantar o meu passaporte, que era a autorização de poder me ausentar desta Unidade. A formatura foi realizada às 16 horas da tarde, o oficial depois de verificar, que tudo estava em ordem, mandou destroçar. Olhei com muita tristeza, ao ver os meus camaradas recrutas, a dirigirem-se para os autocarros, de excursão, que se encontravam estacionados, na berma da estrada, em frente à porta de armas. Eu como não tinha qualquer centavo, segui até à estrada principal Vila Real Porto. Fui caminhando pedindo boleia, percorridos já vários quilómetros, eu ainda me encontrava fresco, e como tal eu fui resistindo às intempéries, as horas iam passando, já sentia cansaço, junto com fraqueza, o meu andamento, já era descompensado. O sol desaparecia no horizonte, a noite se aproximava e caía sobre a serra do Marão, sentia o frio gelado atravessando o meu esqueleto, apeteceu me retroceder e voltar à Unidade, Caminhando só, e em silêncio já via muito perto, a serra do Marão, e ouvia o regido dos animais ferozes, e selvagens. Sentei-me um pouco, saquei de um cigarro para queimar, enquanto descansava, via o fumo a subir descontraidamente, entre os meus dedos, eu estava concentrado, no meio ambiente, alimentando o meu imaginário. Nesse desalento, algo renasceu, em mim, verifico ao longe, umas luzes de uma viatura que circulava, em minha direção, voltei à estrada coloquei-me na berma, com a aproximação, levantei o meu braço direito, e com o dedo Polgar, pedindo boleia ao condutor do veiculo que parou uns metros à minha frente. Fiquei surpreendido, ao ver uma jovem senhora de cabelos compridos castanhos, exclamou: O que anda um jovem militar, a fazer no meio desta serra? Eu lhe expliquei a minha aventura. a jovem senhora era professora, numa das escolas em Vila Real de Trás os Montes. prontamente me respondeu que habitualmente, não costumo a dar boleia a desconhecidos. Como é jovem militar, com muitas dificuldades financeiras, vou abrir uma exceção. A jovem senhora me convidou a entrar para o interior da sua viatura, já com o carro em andamento, e com a continuidade da conversa, a jovem foi ao seu tablier sacou de uma pequena pistola municiada, para sua defesa pessoal. Convenci a jovem a conduzir, descontraidamente ao seu lado viajava, um simples militar, que acabava de deixar a sua vida profissional, e os seus familiares, para ingressar na vida de militar. A jovem senhora com muita pena de mim disse eu só vou até Amarante vivo perto da ponte. com o decorrer chegamos ao destino, agradeci imenso por me ter libertado da serra do Marão. Quando voltei novamente à estrada vi a esplendia vista principal de Amarante, as luzes da via publica, estavam boas para iluminar velórios, olhei para os ponteiros do meu relógio, já marcava 01 hora da matina. Fui caminhando já muito perto encontrei, estacionada na berma da estrada, uma pequena camioneta, fazendo um carregamento de pipos de vinho, sentado ao volante, se encontrava o motorista, ao ver um militar só na aquela estrada, perguntou em em voz grossa; O militar para onde vai? eu lhe respondi vou para Ermesinde, ele me respondeu, espere um pouco, nós vamos para essa zona. Foi me dizendo que na cabine não tinha lugar para mim, teria que ir na carroçaria!, o que eu queria era aproveitar a boleia. Foi me dada a ordem para subir, a camioneta se pôs em andamento eu metido, no meio dos pipos para me abrigar do vento, e do frio em pouco tempo a camioneta, acabava de chegar junto da igreja da Santa Rita, Os ocupantes, com a conversa esqueceram-se, que na carroçaria, levavam um passageiro, vi que eles não paravam, lhes dei sinal, o motorista fez uma travagem brusca, pediu desculpa e me desejaram uma boa viagem. Senti um grande alivio, já me encontrava perto de casa. Foram viagens horripilantes, coloquei a minha vida em risco, todo este sofrimento foi para voltar a ver a minha namorada. Como digo no introito desta pretensão, esta crónica, trata-se efetivamente de uma sombra de crónica, e não de uma prosa de ficção, temo francamente, por mais que eu exagere, talvez eu não consiga, incutir nos que leem a pura realidade.
Texto de Bernardino Peixoto Soldado recruta.
ANTIGO R.I.2 EM ABRANTES ONDE TIREI A MINHA ESPECIALIDADE: |
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