terça-feira, fevereiro 22, 2022

 MADRINHAS DE GUERRA:

As madrinhas de «guerra» eram moças solteiras sendo muitas vezes os respetivos endereços, trocados por nós militares. Muitas vezes as pessoas, escreviam sem se conhecer pessoalmente mas alguns desses casos, resultaram em casamento. Ao fim de algumas cartas e aerogramas trocados, as madrinhas" enviavam  fotos de corpo inteiro, para mostrarem o que valiam, vestiam a sua melhor roupa faziam a sua melhor pose  para se mostrarem. Os "aerogramas" disponibilizados pelo Movimento Nacional Feminino, não precisava de selo  era transportado gratuitamente, pelos aviões da TAP. O saco do correio, era transportado para o Niassa, e depois para o Lunho, duas vezes por semana, num pequeno avião que os velhinhos batizaram com o nome de "Pêga" Sempre no momento da distribuição do correio, aguardado  com particularidade por todos nós, guerreiros!. Eu tinha umas cinco ou seis "madrinhas" recebia uns vinte aerogramas por mês, com algumas cartas à mistura. De que eu falava? falava de tudo era uma espécie de eu despejar o caixote. Falava de ser um herói, falava de solidão, falava de medo, e falava de malandrices.

Crónica de Bernardino Peixoto Soldado Corneteiro 017516/72:    

O Adeus ao Lunho 23 de março de 1974

segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Esposas Namoradas e Madrinhas de Guerra

 

Marta Martins Silva escritora e autora deste livro cartas de Amor e de Dor, Esta simpática senhora como jornalista e escritora, resolveu escrever as nossas histórias dos antigos combatentes do Ultramar, muitos lhe enviaram seus textos, subscritos a esta senhora fazer a revisão dos mesmos. Os antigos combatentes da guerra do Ultramar, em forma de um diário pessoal onde as nossas escritas delirantes, prometem desafiar os leitores, a descobrir qual a realidade do mundo, em que nós vivemos e como foi o desenvolvimento das nossas experiências traumáticas, em terras de África quando ainda eramos muito jovens. Parabéns senhora jornalista e escritora, Marta Martins da Silva todos nós combatentes da guerra do Ultramar, lhe agradecemos de colocar cá fora as nossas histórias que já se encontravam guardadas no baú das recordações. o que foi o nosso sofrimento em tempos de guerra em plena juventude.       

sábado, fevereiro 19, 2022

                                    Bernardino Peixoto soldado corneteiro 017516/72:
 

quinta-feira, fevereiro 17, 2022

COMPANHIA DE CAÇADORES 41 41 OS GAVIÕES:

Comandante da Companhia de Caçadores 41 41 os Gaviões
António Cardoso Capitão Mil.º de  Art.ª
Memórias de uma companhia independente C.Caç 41 41 os Gaviões que em 19 Novembro de 1972 foram largados num ermo em algures no Niassa «LUNHO« terras do fim do mundo nos confins de Moçambique. Alongava-se o tempo no Lunho e quanto se prolongava, o tempo, a marcha dos dias, não obstante a irritante constância dos ponteiros dos relógios. Quando fomos largados neste minúsculo recanto das inóspitas terras-do-fim-do-mundo, dizia-se que dentro de um ano, mais coisa menos coisa, seriamos transferidos para um lugar mais aprazível, já parecia difícil aceitar a possibilidade de um ser humano viver muito tempo em local tão desolado. Afinal não foi bem assim, viemos a saber mais tarde, termos penado dezassete longos meses, aguardando ansiosamente que nos viessem render. Ainda me lembro da minha alegria esfuziante daquela rapaziada, da Companhia de Artilharia 7260 que no dia vinte de Março de 1974 quando os vi chegar, fiquei atordoado perante o inesperado que teve o seu epilogo, derradeira etapa. Foram largados ali  desamparados, sem consciência do que lhes esperava e sem qualquer noção, do que os rodeava. A paisagem à volta, pelo menos num primeiro relance, mostravam-se assustadoramente a selva numa estranha simbiose, com a desolação das instalações, que plantadas no meio daquele, deserto compunham o aquartelamento militar, que a partir de então, lhes havia de servir de morada. Três dias depois eu abandonei aquele local, despedi-me deste bairro de latas, viajamos à torreira do sol, até uma pequena e linda cidade de Malema-Entre os Rios ali  passei à peluda no dia 30 de setembro de 1974.

Texto de Bernardino Peixoto Soldado Corneteiro 017516/72.