quinta-feira, fevereiro 17, 2022

COMPANHIA DE CAÇADORES 41 41 OS GAVIÕES:

Comandante da Companhia de Caçadores 41 41 os Gaviões
António Cardoso Capitão Mil.º de  Art.ª
Memórias de uma companhia independente C.Caç 41 41 os Gaviões que em 19 Novembro de 1972 foram largados num ermo em algures no Niassa «LUNHO« terras do fim do mundo nos confins de Moçambique. Alongava-se o tempo no Lunho e quanto se prolongava, o tempo, a marcha dos dias, não obstante a irritante constância dos ponteiros dos relógios. Quando fomos largados neste minúsculo recanto das inóspitas terras-do-fim-do-mundo, dizia-se que dentro de um ano, mais coisa menos coisa, seriamos transferidos para um lugar mais aprazível, já parecia difícil aceitar a possibilidade de um ser humano viver muito tempo em local tão desolado. Afinal não foi bem assim, viemos a saber mais tarde, termos penado dezassete longos meses, aguardando ansiosamente que nos viessem render. Ainda me lembro da minha alegria esfuziante daquela rapaziada, da Companhia de Artilharia 7260 que no dia vinte de Março de 1974 quando os vi chegar, fiquei atordoado perante o inesperado que teve o seu epilogo, derradeira etapa. Foram largados ali  desamparados, sem consciência do que lhes esperava e sem qualquer noção, do que os rodeava. A paisagem à volta, pelo menos num primeiro relance, mostravam-se assustadoramente a selva numa estranha simbiose, com a desolação das instalações, que plantadas no meio daquele, deserto compunham o aquartelamento militar, que a partir de então, lhes havia de servir de morada. Três dias depois eu abandonei aquele local, despedi-me deste bairro de latas, viajamos à torreira do sol, até uma pequena e linda cidade de Malema-Entre os Rios ali  passei à peluda no dia 30 de setembro de 1974.

Texto de Bernardino Peixoto Soldado Corneteiro 017516/72.         



sexta-feira, janeiro 21, 2022


Aqui nesta Unidade, confesso que cresci bastante como homem, nos dois meses que durou a instrução básica. Deixei de ter apoio diário dos pais, e dos irmãos, do patrão e dos amigos, para ter de fazer e decidir as tarefas que me competiam. Aprendi a fazer a cama, a conchegar a roupa que em cada semana, levava preparada de casa, após de ser lavada e passada a ferro pela minha mãe. Aprendi  a pegar numa arma de fogo, e como manejá-la e a distinguir os vários modelos.....espingarda ligeira, pistola, ou metralhadora, ou ainda diferenciar uma granada ofensiva de uma defensiva, e o que cada uma provoca quando utilizadas.
Aprendi a saltar ao galho, ou a vala, a fazer uma queda facial, e rastejar, dar uma cambalhota à retaguarda e ainda as tais flexões, que era diariamente castigado por alguma incorreção e que os instrutores em face disso me obrigavam a fazer. Depois de eu jurar bandeira fui colocado no regimento de infantaria n.º2 em Abrantes para a aprendizagem da especialidade de corneteiro que me foi atribuído  após de ter feito um exame psicotécnico que serviu de prova à minha capacidade do meu desempenho. 

Texto de Bernardino Peixoto Soldado Corneteiro 017516/72
 

A minha viagem para a guerra do Ultramar 1972

Malema Entre os Rios Moçambique 1974.