terça-feira, março 22, 2016

METANGULA 19 DE NOVEMBRO DE 1972:
OS VELHINHOS ESPERANDO OS CHECAS
DA C.CAÇ. 4141 OS GAVIÕES.
Viajei durante 6 horas pelo Lago do Niassa, nesta lancha da Marinha
ainda hoje sinto um aperto enorme no meu peito, ao lembrar a minha
chegada ao campo de concentração, um reduto em chapas de zinco.
Não sei se para impedir, a entrada ou a saída, estava rodeado de arame
farpado. o local onde eu teria de viver 17 longos meses. A correspondência
era fundamental  para todos nós militares, ali eu perdi algo da minha vida
já sabia em que eu me estava a transformar, numa máquina de guerra, mas também
ainda tive um pouco a sensação, de estar num filme, que passei naquele pedaço do
Continente Africano. Não foram precisos muitos dias, para começar a perceber que
alguma coisa estava errada, mas eu ainda não sabia o que era. Em outubro de 1973,
Vieram  os repórteres da televisão fazer   gravações, para mensagens de Natal, 
para os nossos familiares ver e ouvir, Se morria antes do Natal será que os meus familiares
iam ver e ouvir as mensagens? Confesso que não achei muito correto, mas depois me informaram
se eu morre-se cortavam o filme, por isso fiquei mais descansado.  

Texto de Bernardino Peixoto Soldado Corneteiro 017516/72:   
 

1 comentário:

  1. Naquela manhã de 19 de Novembro de 1972 quando o sol se declinava suavemente como uma bola de fogo dourada sobre as cálidas águas do Lago do Niassa vislumbrava-se não muito longe a lancha da marinha já estacionada junto ao areal daquela linda praia de Meponda.
    Na praia com o aproximar do dia a minha companhia manifestava-se ruidosamente por um lado de saber que dentro de poucas horas estaríamos dentro do "veiculo" que nos transportaria até Metangula.A lancha se pôs em movimento baloiçava suavemente sobre o atapetado manto formado pelas águas do Lago do Niassa em direção a Metangula.A lancha chegou ao seu destino e entretanto chegou a hora de sermos lançados para terra onde encontrei mais uma linda praia povoada com soldados nos esperando com alegria de verem mais uma companhia de checas a pisar aquele areal.Contrastava com muita lividez o rosto daqueles homens já velhinhos com o camuflado todo gasto os seus rosto bastante moreno com garrafas de cerveja na mão nos dando uma boa receção.O ar trépido estampado no meu olhar bem como a minha farda camuflada reluzente certamente eu estaria naquela angústia ao verme ainda branco amarelo todo enfiado como eu estaria a sentir naquele momento a angústia e a incerteza quanto ao meu regresso.

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Recordações da minha vida Militar.